Ludmilla e Brunna passam por Exames para Realizar Fertilização in Vitro

É preciso mudar dieta e hábitos? Quais exames são realizados? Há necessidade de alguma medicação especial? Saiba como é a preparação para a FIV

A cantora Ludmilla e sua esposa, a bailarina Brunna Gonçalves, estão se preparando para realizar uma Fertilização In Vitro (FIV) para engravidar. Segundo Brunna, elas estão na fase de exames: “Fizemos um que para ficar pronto demora quase dois meses. É um processo longo, mas estamos muito ansiosas”, disse a bailarina em entrevista ao Fantástico. Mas a bateria de exames é apenas um dos passos necessários para se preparar para a FIV e elevar as chances de sucesso do procedimento, conforme o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, explica abaixo:

Exames antes do tratamento. Mesmo antes da recomendação da FIV pelo médico, uma série de exames devem ser realizados. “Essa investigação completa inclui uma série de protocolos clínicos como perfil imunológico, metabólico e hormonais, exames de secreção vaginal e avaliação da flora vaginal, por exemplo. Outros exames complementares podem ser solicitados pelo especialista, como para identificar ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis)”, diz o médico.

Recomendação. O especialista explica que os tratamentos de reprodução humana são uma excelente estratégia para casais homoafetivos do sexo feminino que querem começar uma família. “No caso de casais homoafetivos do sexo feminino, o processo de reprodução assistida é mais simples do que o de casais masculinos, visto que é apenas necessária a doação do sêmen, que, assim como a doação do óvulo, é feita de forma anônima por meio de bancos do material. Com o sêmen, além da Fertilização In Vitro (FIV), o casal pode optar também pela Inseminação Intrauterina (IU)”, detalha o especialista.

Medicação. Caso a FIV seja realmente a opção mais recomendada, certas medicações hormonais são necessárias. “Os medicamentos hormonais servem para estimular o crescimento e recrutamento dos folículos existentes naquele ciclo menstrual no ovário. Com isso, há mais folículos crescendo e, na aspiração, maior número de óvulos coletados. O controle dessa estimulação é realizado por meio de ultrassonografia e também por exames de sangue, que colaboram na identificação do momento correto de fazer a coleta dos óvulos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa.

Duração da FIV. A primeira fase é a de estímulo ovariano, coleta de óvulos e coleta de sêmen, com a união de ambos os gametas no laboratório e o desenvolvimento desses embriões. “Esse estágio dura entre 13 e 14 dias e os embriões se desenvolvem de três a cinco dias no laboratório. A transferência do embrião pode ser feita no mesmo ciclo menstrual, o que ocorre em 10% dos casos apenas, ou um ciclo menstrual seguinte. Nesses casos, os embriões são congelados, a mulher menstrua de novo, e a transferência de embrião é realizada de 17 a 20 dias após a menstruação. O tratamento como um todo demoraria entre 45 a 50 dias”, diz o médico, que ressalta que casais homoafetivos femininos que optam pela fertilização in vitro ainda podem realizar uma gestação compartilhada, processo no qual uma das mulheres cede o óvulo enquanto a outra é a responsável por gestar o bebê.

O que muda na rotina. Em geral, a mulher não precisará de grandes mudanças na rotina durante o tratamento de FIV, no entanto, os especialistas recomendam que não sejam realizadas atividades de impacto, como corrida ou musculação, que podem provocar o aumento dos ovários e prejudicar o tratamento. “No período também é recomendado que a mulher não cometa excessos, como consumo de álcool, tabaco ou medicações sem informar o médico especializado em reprodução humana. Mesmo o excesso de trabalho e ansiedade podem ser danosos neste momento, sendo importante evitá-los”, enfatiza o Dr. Rodrigo.

Mudanças na dieta. Com relação à dieta, em geral, o tratamento não exige grandes restrições, mas é recomendado seguir uma alimentação saudável e evitar ultraprocessados, segundo o médico. “Uma indicação é consumir entre 60 a 70 g de proteína diariamente; esse nutriente pode ser encontrado em carnes magras, peixes, favas, ovos e lentilhas. Comer alimentos ricos em cálcio também pode ajudar; eles estão em alimentos como iogurte, amêndoas, queijo e legumes como couve ou espinafre. O folato, vitamina B9 presente em alimentos verde escuros, também é importante; coma legumes, frutas, favas, ervilhas, lentilhas, castanhas e cereais. Pode ser sugerida a suplementação com a forma ativa dessa substância, que é o metilfolato. Além disso, a mulher deve ingerir uma quantidade adequada de água diariamente visando manter-se hidratada e nutrida”, conta.

Efeitos colaterais. A medicação ingerida durante o tratamento pode provocar alguns efeitos colaterais leves como inchaço e retenção de líquido, que somem logo após a menstruação e coleta de óvulos. “Ocorrências mais intensas como dor de cabeça, desconforto abdominal e mudanças de apetite ou humor estão associadas a casos de estimulação exagerada dos folículos, sendo importante comunicar o médico se ocorrerem. Os efeitos colaterais graves como trombose, sangramentos e infecções são raros, mas podem acontecer, o que exige um monitoramento contínuo do médico responsável”, diz o médico.

Chances de sucesso. O Dr. Rodrigo explica que o sucesso é variável, de acordo com a idade da mulher e com o número de óvulos coletados, que, por sua vez, depende da reserva ovariana (que é o estoque de óvulos) e da resposta ovariana ao estímulo. “A taxa de sucesso pode variar de 60% em mulheres até 35 anos até 10% por volta dos 43 anos. O tratamento pode ser repetido caso não haja sucesso na primeira tentativa”, finaliza o especialista.

Fonte: DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

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