No mês dedicado às mulheres os indicadores da doença chamam atenção: cerca de 8 milhões de brasileiras convivem com este diagnóstico, segundo o Ministério da Saúde
Na internet e nas redes sociais uma rápida busca pela palavra “endometriose” encaminha o leitor a centenas de páginas e grupos de apoio às mulheres que convivem com a doença, como a jornalista Cecília Mantovan, que em 2022 completa sete anos de diagnóstico.
Ceci, como é chamada pelo mais íntimos, relembra a jornada de idas e vindas por clínicas e laboratórios até detectar o motivo de tanta dor. “Tinha 34 anos quando minha ginecologista me pediu uma bateria de exames médicos para entender a causa do meu sofrimento e fui diagnosticada com endometriose e adenomiose. Até então, eu tinha apenas ouvido falar dessas doenças, mas não conhecia causas e consequências”, explica.
Hoje, com 41 anos, a jornalista, explica que para se livrar dos momentos de tormento, precisou interromper o ciclo menstrual e adotar um novo estilo de vida. “Quando recebi o diagnóstico, comecei a fazer suplementação hormonal, para bloquear a menstruação, mas a minha vida só melhorou quando em 2019 iniciei o tratamento com uma equipe multidisciplinar e mudei totalmente minha rotina. Meus hábitos alimentares ficaram mais saudáveis e comecei a me dedicar à atividade física. Não posso dizer que os dias de sofrimento acabaram, mas melhoraram significativamente”.
O caso de Ceci se confunde com o das mais de 8 milhões de pacientes que, segundo dados do Ministério da Saúde, enfrentam a endometriose. A preocupação com a alta incidência de diagnósticos provocou uma data para destacar o tema: 13 de março, Dia Nacional de Luta Contra a Endometriose.
Doença crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva, ela geralmente é diagnosticada em mulheres com idade entre 25 e 35 anos. “É uma doença que impacta diretamente as funcionalidades do aparelho reprodutor feminino, caracterizada pela presença de tecido endometrial (tecido que reveste internamente o útero) fora do útero da paciente e pode variar em diversos níveis de gravidade”, explica o médico ginecologista e obstetra Wanderley Prestes, do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica.
O especialista alerta que a evolução da medicina permite listar diversos níveis da doença, como a endometriose no ovário, a endometriose superficial da doença, e até mesmo a endometriose profunda, que afeta outros órgãos como o intestino. “Esse universo de possibilidades é o que nos leva à necessidade de uma bateria de exames para que tenhamos o diagnóstico preciso e correto, para assim indicar o tratamento mais adequado, de forma planejada e individualizada”.
Mesmo ainda sem cura definitiva, o médico explica que há diversos tratamentos que podem contribuir para melhorar a jornada das pacientes. “Por isso, campanhas como esta são cada vez mais pertinentes e urgentes. A doença não tem cura, mas tem tratamento e a partir de iniciativas assim, que lançam luz aos cuidados preventivos, podemos alertar a população sobre a endometriose. O resultado disso é o impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida das pacientes”, esclarece.
Diagnóstico precoce e preciso: aliados do tratamento correto
Sem causas estabelecidas, a doença é associada a fatores genéticos, questões hormonais, problemas com fluxo do período menstrual e até problemas no sistema imunológico. O médico explica ainda que há casos em que uma paciente com quadro mais avançado apresenta sintomas leves ou até mesmo nenhum sintoma, o que pode prejudicar a busca pelo tratamento. “Isso é muito grave. Um diagnóstico tardio pode comprometer seriamente a saúde da paciente e o quadro pode ser irreversível.”
“Quando se trata de saúde, informação nunca é demais. Neste mês dedicado às mulheres, nada mais importante do que mostrar como a rotina de cuidados e prevenção com a saúde íntima é preciosa, para que elas entendam a complexidade desta doença e como podem ter acesso ao diagnóstico seguro, rápido e preciso.” Os sintomas vão desde uma cólica mais intensa, dor para evacuar ou urinar, dor crônica na região pélvica, dor durante a relação sexual e dificuldade para engravidar.
O avanço da medicina permite cada vez mais diagnósticos seguros da doença. “A tecnologia, sem dúvida, é uma grande aliada nesta jornada. Hoje, temos ferramentas e equipamentos inovadores, de alta performance e resolução, que nos fornecem laudos a partir de exames como a ressonância magnética da pelve e a laparoscopia diagnóstica. A doença também pode ser identificada a partir de um exame de ultrassonografia transvaginal e exame de sangue. O médico pode solicitar, por exemplo, um CA 125 (marcador que está presente no sangue e é indicado na dosagem), que ajuda a avaliar a exposição da paciente ao risco de desenvolver câncer, algum tipo de tumor ou cisto no ovário e endometriose, por exemplo.” “O mais importante é proporcionar procedimentos minimamente invasivos e entregar laudos precisos e corretos para tratar cada caso de acordo com o estágio da doença e outros fatores, como a idade da paciente e o nível dos sintomas”, conclui o especialista
Grupo Sabin