Indicada nos casos de baixíssima reserva ovariana, em que doses elevadas ou baixas de medicamentos resultarão na mesma resposta, estratégia reduz custos da estimulação hormonal
Existem causas da infertilidade que, infelizmente, tornam-se barreiras para que casais formem, finalmente, uma família. Alguns dos motivos, principalmente para casais que já tentam há mais de um ano ter um filho, incluem a idade da mulher e problemas de ovulação, além de problemas de saúde e genéticos. “Nesses casos, é recomendado o tratamento de Reprodução Assistida. Um deles tem o custo mais acessível: é a Mini-FIV (Ferilização In Vitro), que é indicada quando há baixíssima reserva ovariana, de forma que doses elevadas ou baixas de medicamentos resultarão na mesma resposta. Através do estímulo, não criamos folículos, mas estimulamos o que tem. Então se a mulher tem um, dois, três folículos, a mini-FIV nesse caso é vantajosa, apenas pela questão de gastar menos em hormônio com o mesmo resultado. Nesse método, o investimento feito nos medicamentos utilizados é, em média, de 30 a 50% menor do que na fertilização in vitro (FIV) tradicional”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.
O protocolo é um estímulo ovariano descrito e amplamente utilizado na clínica Kato (Japão) e que se baseia na utilização de doses hormonais menores (mínimo estímulo ovariano – MEO), segundo o médico. Dessa forma, há um melhor custo-efetividade em casos de muito baixa reserva ou nos quais se prevê uma menor resposta (de 1 a 4 óvulos, no máximo). “Na técnica de Fertilização in Vitro tradicional, a dose das medicações é maior para estimular os ovários a produzirem uma boa quantidade de óvulos e melhorar os resultados reprodutivos. Normalmente, com maior número de óvulos se obtém um maior número de embriões (sendo possível congelar os embriões excedentes, ou seja, que não foram usados naquele momento). Já no mínimo estímulo ovariano são administradas medicações injetáveis em baixa dose, que podem ou não ser associadas a medicamentos orais”, diz o especialista.
O grande objetivo é poder beneficiar os casais que possuem características específicas ou até mesmo recursos financeiros mais limitados – mas a indicação é sempre feita por um médico especialista. “Outro benefício da Mini-FIV e do mínimo estímulo ovariano é a redução dos efeitos colaterais produzidos pelas medicações que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos, tais como retenção de líquido e inchaço abdominal. A Mini-FIV apresenta taxas de sucesso semelhantes à FIV convencional em grupos específicos de pacientes (normalmente aqueles com a reserva extremamente baixa). Porém, deve-se ter em mente que essa técnica também pode ocasionar maior número de cancelamentos de ciclo e menor número de transferência de embriões”, explica o Dr. Rodrigo Rosa.
O tratamento ainda reduz a chance de gestações de gêmeos. Segundo dados da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (RedLara), de 2017, quase 1/3 (32,3%) das gestações originadas de tratamentos de reprodução assistida são gemelares. “A incidência de gêmeos, trigêmeos e até quádruplos costuma ser bem maior com a fertilização in vitro (FIV) do que pela concepção natural. Isso ocorre porque, para aumentar a chance de sucesso da FIV, era muito comum a transferência de mais de um embrião no útero da futura mãe. Importante salientar que nos últimos anos as boas práticas dentro dos tratamentos reprodutivos, assim como as condutas, mudaram muito. “Atualmente, a maioria dos centros de medicina reprodutiva, fazem prioritariamente transferência única de embrião, visto que as técnicas de seleção embrionária melhoraram bastante e os resultados com a transferência de um único embrião ou de mais embriões são muito similares”, diz o Dr. Rodrigo.
O médico explica que a Mini-FIV tornou o tratamento de fertilização in vitro mais acessível, permitindo a mais casais a realização do sonho de formar uma família. “Independentemente do tipo de tratamento realizado, é importante que ele seja feito em uma clínica que possua uma infraestrutura adequada, com equipamentos modernos e profissionais especializados para garantir a segurança do casal e o sucesso do procedimento. Esses são fatores importantes que também devem ser considerados ao se avaliar o investimento que será realizado no tratamento que envolve muito mais do que uma gestação, envolve sonhos de uma vida toda”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa
FONTE: DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa