Mitos e Verdades sobre a Nutrição em Prematuros

A nutrição parenteral exerce papel fundamental na garantia da saúde do bebê prematuro

O nascimento de bebês prematuros foi declarado como uma emergência global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após apresentação do relatório da entidade em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicado este ano[i]. Na última década foram registrados 152 milhões de partos de bebês prematuros e o Brasil é o decimo país com mais bebês nascidos nessa situação, cerca de 340 mil nascimentos por ano[ii]

Novembro é considerado o mês internacional de conscientização e sensibilização da prematuridade, temas ligados à esta condição e desconhecidos da maioria da população ganham relevância. Um deles é a importância da alimentação e nutrição nos primeiros dias de vida do bebê prematuro. Conforme Dr Danilo Klein, médico nutrólogo pela Universidade Federal Fluminense e gerente médico da Baxter, como o bebê não teve tempo suficiente para acumular os nutrientes necessários para seu desenvolvimento via placenta antes de nascer, poderá estar mais exposto a doenças.

 Para esclarecer as dúvidas mais importantes sobre a nutrição em prematuros, a Dra Renata Lorenzetti de Castro, pediatra neonatal e coordenadora adjunta do Programa de Reanimação Neonatal Regional de Goiás, listou alguns mitos e verdades que envolvem a prematuridade.

1. O bebê só é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas de gestação.

Verdade.  A Organização Mundial da Saúde classifica que todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação (até 36 semanas e 6 dias) é considerado prematuro. Os bebês prematuros podem ser classificados de acordo com a idade gestacional ao nascer. Os bebês prematuros extremos são os que nascem antes das 28 semanas, os muito prematuros entre 28 semanas e 31 semanas e 6 dias e os moderados ou tardios são os que nascem entre 32 semanas e 36 semanas e 6 dias de gestação.

2. A nutrição é tão importante quanto a oxigenação para um prematuro.

Verdade. A nutrição é tão importante quanto a oxigenação e qualquer outro cuidado que a gente tem com o bebê prematuro dentro da UTI. É um cuidado integral que envolve desde a nutrição e a oxigenação, até protocolos de neuroproteção e cuidados centrados na família. A nutrição desempenha um papel essencial para o desenvolvimento do recém-nascido, é através dela que o bebê irá obter os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

3. O bebê prematuro não pode ser amamentado.

Mito. O bebê prematuro não só pode como deve ser amamentado sempre que possível e desde que não se tenha situações específicas que contraindiquem o aleitamento materno. Quanto mais prematuro, mais tarde ele vai mamar no seio materno, porém durante a sua internação é realizado a extração do leite materno e a colostroterapia, desde as primeiras horas de vida. O leite materno é fundamental e é durante a internação que o prematuro passa pelo processo de desenvolvimento, amadurecimento e crescimento. É através dele que o bebê prematuro irá adquirir propriedades imunoprotetoras, que são importantíssimas para o desenvolvimento de sua imunidade.

4. O leite materno é a melhor forma de alimentação e apenas ele é suficiente para nutrir um bebê prematuro.

Mito. Os recém-nascidos prematuros apresentam um alto risco de déficit de crescimento pós-natal e nesse contexto, a terapia nutricional é um aspecto importante dentro da UTI Neonatal. Nos primeiros dias de vida, o prematuro passa por algumas fases de adaptação onde a nutrição parenteral – terapia nutricional inserida no bebê diretamente pela veia (via endovenosa), pode ser necessária e exercer papel fundamental para garantia da saúde, visto que o seu intestino ainda não está preparado para absorver o volume grande de nutrientes. A nutrição enteral (através de sonda orogástrica) deve ser iniciada o mais precocemente possível, a depender da condição clínica do bebê. O leite materno é o alimento de escolha, e sempre que possível deve ser oferecido para o bebê. Dependendo da necessidade nutricional desse prematuro, para o adequado crescimento, pode ser necessário colocar um aditivo do leite materno, aumentado a quantidade de proteína, caloria, cálcio e fosforo. Na ausência ou impossibilidade de oferecer o leite materno, as fórmulas para prematuros podem ser utilizadas.

5. O bebê prematuro é mais vulnerável as doenças.

Verdade. A parte imunológica do prematuro ainda é muito imatura, por isso ele tem mais risco de desenvolver infecções bacterianas, fúngicas e virais durante a internação na UTI neonatal. Após a alta hospitalar uma das principais causas de reinternação são problemas respiratórios, geralmente por causas virais. Por isso destaco a importância dos cuidados da equipe multidisciplinar durante toda a internação e dos cuidados gerais de toda a família, além da importância da vacinação dos bebês durante a internação e no pós alta, seguindo o calendário vacinal do prematuro (PNI, SBP e SBIM). Também é importante a vacinação dos contactantes desses bebês, com destaque para as vacinas contra gripe e coqueluche.

Fonte: Dra Renata Lorenzetti de Castro, pediatra neonatal e coordenadora adjunta do Programa de Reanimação Neonatal Regional de Goiás.

Deixe um comentário