O Passo a Passo da Tentante para Gerar um Filho

Jornada para engravidar pode ser longa e cheia de percalços, mas ajuda de um especialista pode transformar o sonho em realidade

O termo “tentante” já é extremamente popular entre os casais para designar aqueles que buscam a gravidez. Para além da semântica, ser tentante significa estar completamente dedicada ao processo de engravidar e construir uma família. Não é uma jornada fácil. O que parece simples, muitas vezes, acaba se transformando em um processo demorado, com grandes decepções psicológicas, desgaste do relacionamento e gastos financeiros imprevisíveis. No entanto, o objetivo é muito nobre: trazer uma nova vida ao mundo e construir uma família, desejos dignos que valem o esforço.

A jornada da tentante inicia com o casamento ou um relacionamento estável. É comum que, nesse período, comecem as “cobranças”: “quando vocês vão ter um filho?”, “quero um neto”, “não vá ser mãe velha” e até o constrangedor “não vá ficar para titia”. Nesse momento, provavelmente, a tentante já não está mais usando qualquer método contraceptivo e vem tentando engravidar há poucos meses. Raramente procura um médico nessa etapa da jornada, afinal, muitas acreditam que engravidar é fácil, que é só relaxar e tentar. Mas nem sempre é assim. Alguns meses (ou anos) se passam e a gravidez não veio. Nesse momento, a tentante decide procurar um médico ginecologista. Seu marido ou companheiro raramente pensa que o problema pode ser com ele e não vai atrás de um urologista. Nossa sociedade ainda é muito machista e gravidez é “problema da mulher”.

Após consultar o ginecologista, a tentante faz alguns exames gerais, começa a tomar ácido fólico para prevenir malformações no bebê e continua tentando, mas a gravidez insiste em não vir. Em um novo retorno ao ginecologista decide-se pelo uso de medicamentos para induzir a ovulação. O patamar sobe e agora a tentante está oficialmente em um tratamento para engravidar. O casal é chamado de ‘infértil’, um termo que traz muita tristeza, desapontamento e decepção, mas eles nunca deixam de acreditar. Após duas ou três tentativas com os medicamentos para induzir a ovulação, algumas tentantes finalmente alcançam seu objetivo: estão grávidas! Porém, essa não é a realidade da maioria.

Nessa hora, o ginecologista avalia novamente os exames e os resultados dos tratamentos realizados até então e decide que não é possível mais continuar nos tratamentos mais simples, chamados de tratamentos de “baixa complexidade”. Então, o médico encaminha a tentante para um especialista em Reprodução Humana.

Pode não parecer, mas muito tempo se passou e a tentante já está há mais de 3 anos nessa jornada para engravidar, então chega ao especialista em reprodução humana desgastada, mas também esperançosa. Novas rodadas de exames são feitas e dessa vez o casal é investigado mais a fundo. Alguns exames são bem caros, não tem cobertura pelos planos de saúde e poucos médicos ou laboratórios estão aptos para a sua realização. Os resultados não demoram, confirmando o que já era previsto: será preciso realizar uma fertilização in vitro, um tratamento de alta complexidade. Aqui as intervenções médicas são maiores, com hormônios injetáveis, acompanhamentos com ultrassom, pequenas cirurgias e muita ansiedade.

A tentante nesse momento precisa de muita coisa, mas, principalmente, de acolhimento. Precisa de um ombro amigo, um parceiro de tratamento que seja compreensível e solidário nesta jornada. A clínica e o médico especialista em Reprodução Assistida também precisam estar juntos ao casal. Acolher e cuidar são quase mantras hoje em dia e realmente fazem toda diferença. Nem sempre o tratamento de fertilização in vitro tem sucesso na primeira tentativa e muita coisa pode ser necessária: acupuntura, acompanhamento com psicólogos, nutricionistas, meditação, atividade física… enfim, aquele quartinho no apartamento que foi reservado para o bebê parece que nunca estará cheio de vida, com o chorinho que queremos tanto ouvir. Mas o momento mais perto do resultado é o mais longe que você caminhou nessa jornada. E, após algumas tentativas, é possível passar de ‘tentante’ à ‘conquistante’. A jornada pode ser longa e cheia de percalços. Mas o resultado final é tão nobre que o esforço terá valido a pena. E muito.

Colunista: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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