Seu filho costuma chora a noite e não acorda? Quando você se aproxima e tenta conversar, ele continua angustiado, se mexendo e não lembra de nada no dia seguinte? Então pode ser que ele esteja sofrendo com o terror noturno.
Sabemos que é comum os bebês acordarem várias vezes e chorarem à noite. Também é muito comum que tenham pesadelos. Mas o terror noturno se caracteriza pelo fato de a criança não acordar, por mais agitada e angustiada que fique. E, ela não se lembrará de nada no dia seguinte.
“Observamos que o terror noturno atinge mais crianças entre dois e cinco anos, mas não existe uma regra. Porém, a partir dos nove meses alguns bebês já começam a sofrer com isso. Ainda não temos uma comprovação científica para explicar o problema, mas a hipótese que a medicina acredita fazer mais sentido está relacionada a questões emocionais, como situações stressantes ou não resolvidas, que a criança passou ao longo do dia”, explica a Pediatra, Dra. Felícia Szeles.
Muita gente confunde terror noturno com pesadelo, mas eles não são a mesma coisa e nem andam juntos. Ou seja, a criança que tem pesadelo não necessariamente vai sofrer de terror noturno e vice e versa. Como acontecem em fases diferentes do sono, têm características bem distintas.
Nos episódios de terror noturno, que duram cerca de 30 segundos até cinco minutos, a criança pode chorar, gritar, transpirar, ficar com respiração e batimentos cardíacos acelerados e até sair andando pela casa. Por isso é importante os pais manterem a calma, pois logo em seguida ela volta ao sono comum. Se acordar a criança, ela pode demorar muito mais para voltar a dormir.
Nosso sono é dividido em NREM* (também conhecido como NÃO-REM), fase que vai da sonolência até o sono profundo, e REM*, que é a fase de maior atividade cerebral. O pesadelo acontece na fase REM, por isso, a criança acorda assustada e se lembrando de tudo o que “sonharam”. Já o terror noturno é característico da fase NREM e é por isso que a criança não se recorda de nada do ocorrido.
Ainda não existe um tratamento para o terror noturno, mas a Dra. Felícia reuniu algumas dicas que podem ajudar os pequenos a ficarem livres disso – e os pais também, é claro:
- Mantenha a calma e não acorde a criança de jeito nenhum. Por mais aflitivo que seja o episódio, ele é rápido e a criança não sente nada e nem vai se lembrar no dia seguinte;
- Deixe o ambiente seguro para a criança, com telas ou cadeados nas janelas; grades nas escadas e evitar deixar brinquedos espalhados pelo chão;
- Evite comidas gordurosas à noite e estímulos como atividades físicas , brincadeiras agitadas e telas pelo menos uma hora antes de dormir;
- Mantenha uma rotina de sono, como banhos mornos antes de dormir, que relaxam o corpo. Prefira contar histórias ou deixar alguma música suave no ambiente;
- Se a criança já souber falar é importante que os pais sempre conversem com ela no dia seguinte aos episódios para entender seus sentimentos, tentar descobrir se aconteceu algo que ela não está sabendo se expressar
* REM (Rapid Eye Movements, em Português: movimentos oculares rápidos) é o sono de maior atividade cerebral. NÃO-REM é o ciclo do sono que vai da fase da sonolência até o sono mais profundo.