Outubro Rosa: o Papel da Reconstrução Mamária no Tratamento para o Câncer

O procedimento pode ser feito na mesma cirurgia de retirada dos tumores, sem interferir na cura, no segmento do tratamento ou na autoestima feminina

O diagnóstico de câncer de mama pode ser devastador para a paciente. Além dos temores que envolvem a doença e os seus tratamentos, ela mexe com um ponto fundamental da anatomia feminina, muitas vezes conectado à identidade e à sexualidade das mulheres: os seios.

No entanto, é preciso considerar uma reversão quando o assunto é o tratamento para esse tipo de câncer: mais do que uma questão estética, a cirurgia de reconstrução já passou a ser parte do processo de cura.

“A reconstrução é considerada hoje parte do tratamento do câncer de mama”, explica a Dra. Larissa Sumodjo, cirurgiã plástica pela SBCP. “É um tratamento cirúrgico, associado a terapias adjuvantes, como a quimioterapia. Esse é um tratamento multimodal, e, entre as modalidades que fazem parte do tratamento integral da mulher, está a reconstrução.”

De acordo com a médica, já existem comprovações de que fazer a reconstrução da mama no mesmo momento em que é feita a cirurgia de retirada do câncer não prejudica o tratamento, o prognóstico da doença ou o processo de cura. “Uma vez que isso foi estabelecido, a reconstrução da mama é possível e necessária para todas as mulheres”, continua. A única exceção a essa regra, diz, são mulheres em idade avançada que não suportariam uma cirurgia mais longa, por exemplo.

O câncer de mama é o segundo tipo mais comum em mulheres no Brasil, sendo responsável por 29% de novos casos de tumores anuais, como indicado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). “Esse alto índice de diagnóstico faz com que a cirurgia reconstrutora de mama seja bastante frequente. A técnica empregada depende de diferentes fatores, como localização do tumor, tipo de ressecção tumoral, etc.”, conta.

Esse procedimento se torna ainda mais importante quando se considera que a mastectomia, isto é, a cirurgia de retirada dos seios cause um grande abalo emocional na paciente. A cirurgia afeta a autoestima, a estabilidade emocional e ainda traz dores e desconfortos na área operada, alteração na sensibilidade e até comprometimento do membro superior do lado operado.

“A mulher saber que vai passar pela cirurgia e vai ter que ficar por um período sem mama ou sem volume traz muito desconforto dentro de um momento de vida muito dolorido – nesse processo, costuma existir uma perspectiva de quimio, com perda de cabelo, e são vários fatores que levamos em consideração”, complementa a Dra. Larissa. “Por isso, temos tanta empatia por mulheres que estão passando por um câncer de mama, porque o contexto já é muito difícil. Poder trazer essa situação de sair com a mama reconstruída e simetrizada é de extrema importância.”

Por isso, como dito anteriormente, muitos mastologistas e oncologistas optam por fazer a reconstrução mamária imediata, ou seja, no mesmo tempo cirúrgico da ressecção tumoral. “Mas, o procedimento também pode ser feito tardiamente, após a remissão da doença. Essa decisão é tomada em conjunto médico-paciente”, diz a Cirurgiã Plástica.

A reconstrução mamária pode ser feita com tecido da própria paciente, com retalhos de regiões como costas e abdômen, ou com o uso de próteses e expansores. “A recuperação tende a ser mais demorada com tecido da paciente, por envolver outros segmentos corporais. Porém, diversos trabalhos mostram os benefícios da reconstrução imediata para a autoestima, o que contribui muito na resposta do tratamento como um todo.”

A médica lembra que a reconstrução de mama é um procedimento realizado em etapas e, dependendo da técnica escolhida, podem ser necessárias, pelo menos três cirurgias. Por isso, a paciente deve sanar todas as suas dúvidas antes de se submeter ao procedimento. “Há estudos que indicam que mais de 95% dos procedimentos são realizados imediatamente à mastectomia e têm resultados satisfatórios tanto em qualidade de vida quanto em estética.”

Neste Outubro Rosa, Dra. Larissa destaca ainda a importância do autoexame como forma de diagnóstico precoce e lembra que é possível reduzir em até 28% as chances de desenvolver um tumor de mama ao mudar o estilo de vida, adotando:

  • A prática regular de atividade física;
  • Alimentação saudável;
  • Não fumar;
  • Evitar o sobrepeso;
  • Não ingerir bebidas alcoólicas;
  • Evitar uso de hormônios sintéticos em altas doses

Fonte: Dra. Larissa Sumodjo – Médica granduada pela Universidade federal de São Paulo – UNIFESP/EPM (2006) = Residência médica em cirurgia geral – Universidade federal de São Paulo – UNIFESP/EPM (2007/2008) – Residência médica em cirurgia plástica – Universidade federal de São Paulo – UNIFESP/EPM (2009-2011) – Membro associado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (desde 2012) – Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (desde 2014) – Chefe de equipe de reconstrução mamária do programa de filantropia do Hospital Sírio Libanês (2012 a 2018) – Médica de retaguarda de cirurgia plástica do Hospital Sírio Libanês (2019-2021)

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