Psicóloga descreve possíveis reflexões sobre a maternidade

Como num passe de mágica a criança abriu os olhinhos e a viu. Nesse momento ela já não era a mesma. A psicóloga clínica Andréa Xavier descreve neste texto o que pode passar na cabeça (e no coração) de algumas mulheres após à maternidade.

Psicóloga descreve possíveis reflexões sobre a maternidade

Sou mãe. E agora?

Eu já não era mais a mesma. Agora havia uma extensão de mim, a qual eu seria responsável. No primeiro momento até para comer ele dependia de mim.

Isso seria até quando?

Será que serei capaz? E agora? Onde eu me encaixo dentro de tudo isso? Agora eu não sou mais eu? Quem eu sou? Como assim? Além das dores físicas que o parto traz, a dor na amamentação, tudo isso sendo contido para não ser julgada e condenada já nas primeiras horas.

A mãe que não passou por algum desses questionamentos ao dar a luz ao primeiro filho, que atire a primeira pedra. São pensamentos frequentes que muitas vezes ocorrem logo após o parto, e por vezes escondidos por medo do julgamento.

Algumas vezes também passam na gestação, gerando na mulher um sentimento de culpa por não entender que isso acontece com muitas pessoas, mas que a sociedade ainda condena e reprime.

Esses sentimentos reprimidos podem gerar sintomas físicos e psicológicos, desde o famoso “secar o leite” até a rejeição inconsciente(ou não) do bebê, a tão temida depressão pós-parto. (É certo também mencionar que a depressão pós parto , pode se dar também a nível fisiológico por conta da instabilidade hormonal).

Como então passar por esse momento tão mágico, lindo e maravilhoso sem se chocar com a realidade que esse mesmo momento apresenta?

Seja de verdade. Seja uma mãe real. Não queira ser aquela mãe de livros, de postagens de redes sociais. Saia do padrão. Seja você…só isso. Não esconda sentimentos que possam surgir, pois eles são legítimos e são seus; são genuínos. Se acolha, se respeite e não se julgue também. Esses pensamentos e sentimentos não dizem respeito ao amor que você sente pelo seu filho, dizem respeito somente a você e não mede a intensidade do amor por aquele novo ser.

A mãe de verdade pode dizer não sei quando não sabe, pode dizer não quero quando não quer; é autentica com seus sentimentos sem ter que precisar provar nada a ninguém. Ela sabe que está fazendo o seu melhor e se em algum momento parece não ser o melhor, tenha certeza que é o que está dentro de sua possibilidade, e está tudo bem.

O maior amor que se pode dar aos filhos é ser de verdade. O resto é padronização da sociedade.

Andréa Xavier

Mãe de Ana Clara e Ana Luiza

Psicóloga Clínica e Orientadora Vocacional e Profissional

@terapeuta_andreaxavier

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