Uma recente pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, acendeu mais uma luz de esperança para as mulheres que, por desejo ou necessidade, optam por adiar uma gravidez.
Os pesquisadores deram um importante passo rumo ao rejuvenescimento de óvulos. Após mapearem o processo de envelhecimento do gameta, injetaram em óvulos maduros de camundongos uma baixa dose do antiviral Zidovudina (AZT), amplamente utilizado no tratamento de pacientes com AIDS. O resultado foi a elevação de aspectos saudáveis do gameta em até 28,6%.
Os óvulos no estudo não passaram por fecundação, mas, como ginecologista e especialista em infertilidade de alta complexidade, fico bastante animada com esse passo dado pelos cientistas. Afinal, sabemos que, seja pelo método natural ou pela fertilização in vitro, a idade e a saúde do óvulo são fatores determinantes não só para que a mulher consiga engravidar como também para que essa gestação seja concluída e o bebê nasça saudável.
Somado a isso, é preciso considerar que, com o passar dos anos, é natural que a mulher tenha a queda de quantidade e qualidade do óvulo, principalmente após os 37 ou 38 anos, com importante agravamento dessa situação ano a ano a partir dos 40. Ou seja, essas técnicas que visam rejuvenescer, desacelerar, recuperar ou alterar a idade ou a qualidade do gameta vão ajudar muito todas as pacientes na tomada da melhor decisão com relação à própria gravidez.
O que sabemos, com base em estudos, é que a chance de uma mulher engravidar ou completar uma gestação aos 30 anos de idade é de 60%. Mas essa porcentagem cai para menos de 5% aos 43 anos e é menor que 1% aos 45 anos. Esses números colocam sobre a população feminina uma pressão muito grande em uma época em que, infelizmente, muitas ainda procuram entender a melhor forma de equalizar a vida pessoal e profissional, com forte desejo de evoluírem e se consolidarem na carreira, além de encontrar o parceiro ou parceira ideal para iniciar uma família.
Nos últimos 10 anos, por exemplo, o aumento de gravidez entre mulheres com idades entre 35 e 39 anos foi de 63%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É muito importante que, cada vez mais, as mulheres tenham poder – também – sobre essa decisão que impacta tanto em sua rotina e vida. Elas merecem ter tranquilidade para decidir quando engravidar, sem ter que ceder à pressão da sociedade ou do relógio biológico.
Felizmente, a ciência está aí para ampliar nossas perspectivas e possibilidades. Tão bom quanto isso é ver o empenho de equipes de diferentes partes do mundo capitaneando descobertas em prol da saúde e do bem-estar da mulher. Afinal, a gestação deve ser um momento tranquilo e de realização. É urgente buscarmos formas de minimizar as chances de sofrimento e frustração em um evento tão importante para tantas famílias.