Segundo Ministério da Saúde, Endometriose Atinge Uma em cada Dez Mulheres

Endometriose: Larissa Manoela, Anitta e tantas outras mulheres sofrem com a doença.

Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica que a endometriose causa dor, pode levar à infertilidade e ser até mesmo incapacitante

A atriz Larissa Manoela e a cantora Anitta já divulgaram em suas redes sociais que sofrem de uma doença que atinge uma em cada dez mulheres brasileiras, segundo o Ministério da Saúde: a endometriose. Fortes dores abdominais, que se assemelham a cólicas, geralmente incapacitantes e que sempre aparecem no período menstrual, não são normais e podem ser sinal de endometriose, uma doença inflamatória e que pode levar à infertilidade. 

Conforme explica a Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, quando as mulheres relatam o que sentem, em consulta, e comentam seus hábitos diários, é possível que o médico experiente desconfie de um quadro de endometriose. Então, exames bioquímicos são solicitados para que o quadro se confirme. “A paciente com endometriose precisa ser tratada individualmente, porque essa doença nunca é igual, de uma mulher para a outra. Cada uma precisa de um tratamento diferente, mas todas necessitam de mudança de estilo de vida”, diz ela.

A endometriose acontece quando a camada de tecido que reveste internamente o útero, o endométrio, ao se desprender (descamar), na menstruação, em vez de sair pela vagina, no formado de fluxo menstrual, por algum mecanismo não identificado completamente pela ciência, escapa para a cavidade abdominal. É a chamada menstruação retrógrada. “Quando algumas dessas células do endométrio migram para a cavidade abdominal, elas atingem outros órgãos, como as trompas, ovários, intestino e bexiga, por exemplo, fixando-se nestes órgãos. As células do endométrio descamam a cada menstruação, então, estejam elas onde estiverem, elas sangrarão a cada menstruação. É por isso que mulheres com endometriose na bexiga ou no intestino podem apresentar sangue na urina ou nas fezes, na menstruação, por exemplo”, resume Dra. Mariana.

A endometriose também pode atingir outros órgãos. Quando ela se encontra no músculo do útero, o miométrio, é chamada de adenomiose, e pode causar sangramento menstrual intenso e cólicas. Se, em casos raros, as células forem enviadas pela corrente sanguínea para órgãos distantes, como coração, cérebro e pulmões, pode haver complicações ainda mais severas. “No cérebro, ao sangrar, as células da endometriose podem causar um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo”.

A maioria dos casos de endometriose, porém, estão restritos à cavidade abdominal e devem ser diagnosticados o mais rápido possível, para que a mulher ganhe qualidade de vida.

O tratamento da endometriose

Dra. Mariana Rosario, que faz parte do corpo clínico do hospital Albert Einstein e também é obstetra e mastologista, diz que a endometriose pode ser diagnosticada em exame clínico, após uma boa conversa com a paciente. Depois, exames de imagem e de marcadores específicos são solicitados, para saber o tamanho do foco da doença. “Em casos graves, apenas a videolaparoscopia consegue determinar a extensão da doença”, explica.

O tratamento é realizado de forma que a paciente evite, ao máximo, a cirurgia. Atualmente, existem drogas antiestrogênicas para combater o problema, que trazem excelente resultado para dor e lesão. “Essa doença depende do hormônio estrógeno para se manifestar, então, os implantes hormonais bioidênticos antiestrogênicos são excelentes neste tratamento”, ressalta.

Paralelamente, é imprescindível que seja adotada uma dieta sem glúten e sem lactose por um período, para desinflamar o organismo. “A prática de atividade física regular, a meditação e o tratamento psicológico, sempre que possível, completam o pacote, porque não adianta tratarmos o corpo, se a alma está doente”, explica a especialista. É isso mesmo: a Dra. Mariana Rosario defende que, no tratamento da endometriose, não basta apenas tratar a doença clinicamente. “Apenas o tratamento multidisciplinar surte efeitos na endometriose. Essa doença tem componente emocional envolvido e mulheres com tendência à depressão são naturalmente mais propensas a desenvolvê-la. Por isso, é necessário eliminar a inflamação crônica do organismo, por meio da redução do glúten e da lactose, adotar uma rotina fixa de atividades físicas e investir no apoio psicológico”, alerta.

Nos casos graves, em que as cirurgias são necessárias, é preciso avaliar a extensão das lesões e envolver os profissionais capazes de eliminá-las. Pode ser necessário que gastroenterologistas, além dos ginecologistas, participem do procedimento. O tratamento multidisciplinar também se faz necessário nesta hora.

A endometriose também está ligada a problemas de fertilização porque a doença produz algumas citotoxinas endometriais que dificultam a implantação do embrião, devido a esse endométrio não ser normal. A infertilidade atinge cerca de 40% das brasileiras com essa doença. Portanto, é necessário que se trate a endometriose o quanto antes, quando a mulher quer engravidar.

A endometriose não é um câncer, mas se estuda a ligação da doença como precursora de casos de câncer de ovário. “Estudos, ainda inconclusivos, apontaram que pacientes que desenvolvem câncer de ovário teriam sofrido de endometriose. Mas, ainda é cedo para poder afirmar a relação entre as doenças. A endometriose não é um tumor, mas, como sou mastologista e estudo o câncer, percebo que ela se assemelha ao câncer na invasão de órgãos, sem causar metástase. A endometriose é uma doença séria, que precisa de atenção e tratamento. Não se deve negligenciá-la”, finaliza a médica.

Fonte: Dra. Mariana Rosario – Formada pela Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), em 2006, a Dra. Mariana Rosario possui os títulos de especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela AMB – Associação Médica Brasileira, e estágio em Mastologia pelo IEO – Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, um dos mais renomados do mundo. É membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e formação em Longevidade pela ABMAE – Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento. É médica cadastrada para trabalhar com implantes hormonais pela ELMECO, do professor Elsimar Coutinho, um dos maiores especialistas no assunto. É membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein, um dos mais renomados do mundo.

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