Setembro Amarelo: Infertilidade pode Causar Depressão, mas é Possível Reverter o Quadro

O mês de setembro está terminando e, com ele, a tradicional campanha de prevenção ao suicídio tão necessária nos tempos atuais. Por isso, não poderia deixar de falar da infertilidade, fator que pode contribuir para o sofrimento mental e que tem grande potencial de desencadear  depressão e outras doenças.

Geralmente, quando uma pessoa sofre uma grande frustração por não conquistar um sonho ou projeto de vida, ela acaba se sentindo pessimista, sem esperança e até mesmo com aquele sentimento de inutilidade, não é mesmo?. Quando o assunto é maternidade, não vejo diferenças. Afinal, nem todos os casais podem gerar um filho pelas vias biológicas, o que pode resultar em uma profunda tristeza, desencadeando o quadro depressivo. 

Isso foi constatado pela ciência. Um estudo publicado no periódico médico Fertility and Sterility identificou que 80% das mulheres com diagnóstico de infertilidade desenvolveram algum grau de depressão. Além disso, a pesquisa também revelou que a prevalência de depressão tem um crescimento significativo em mulheres depois de dois a três anos do diagnóstico de infertilidade, em comparação com as que o possuem há menos de um ano ou mais de seis anos.

Por fim, a análise destacou que quando a causa da infertilidade está claramente estabelecida, há uma maior probabilidade de depressão do que em casos em que o diagnóstico não está fechado ou a investigação ainda não foi realmente iniciada.

Dentro de um caso de infertilidade, as razões para uma mulher desenvolver este estado emocional depressivo podem ser as mais diversas, entre elas, a auto cobrança, a pressão de familiares ou da sociedade e, principalmente, uma legítima vontade de ser mãe. Por isso, afirmo que é crucial tocarmos nesse assunto, especialmente quando levamos em consideração que a infertilidade atinge um a cada 5 casais, independentemente se a causa está no homem ou na mulher. Porém, é sobre ela que ainda recai o peso de constituir a família. 

São justamente alguns desses casos que eu acompanhei e acompanho durante estes 16 anos como especialista em reprodução assistida e posso afirmar que a infertilidade pode gerar uma grande frustração na vida de uma mulher que sonha em ser mãe.

Porém, vale destacar que a medicina evoluiu muito e há a possibilidade de um final feliz e com uma gestação saudável. Hoje, a fertilização in vitro com óvulo ou espermatozoide doado é uma alternativa que deve estar no radar dos casais que sonham com ter filhos. Além disso, o foco na preservação da fertilidade em idade oportuna, principalmente o congelamento de óvulos, tem sido cada vez mais proposto e realizado em todo o mundo, podendo ser um grande aliado para viabilizar uma futura gestação.

Com relação ao cônjuge, familiares, amigos ou outras pessoas próximas da paciente, o que indico é que diante de uma doença mental ou frustração nesta caminhada rumo à parentalidade, o que todos podem e devem fazer é acolher e incentivar a busca de ajuda profissional especializada, sobretudo se houver suspeita de um quadro sério como a depressão.  

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Dra. Paula Fettback

Médica ginecologista doutora pela Faculdade de Medicina da USP e especialista em infertilidade de alta complexidade

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