Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) – Uma Grave Doença do Feto Desconhecida 

Poucas pessoas já escutaram falar, mas a SAF é o mais grave dos transtornos de desenvolvimento do feto associado ao consumo de álcool durante a gestação. As consequências para o bebê podem ser gravíssimas. 

No Brasil, 15% das gestantes consomem álcool durante a gravidez, muitas sem saber que pode trazer graves consequências para o bebê. O álcool demora cerca de 12 horas para ser metabolizado e eliminado pelo organismo e durante a gestação ele atravessa a placenta tornando a concentração de álcool no sangue do feto igual ao da gestante. O feto não possui enzimas para metabolizar o álcool e ele fica em sua corrente sanguínea até o álcool ser eliminado pela gestante. 

O principal impacto que o álcool pode causar no feto são distúrbios neurológicos e neuro comportamentais, além de defeitos congênitos. Uma maternidade em São Paulo fez um levantamento e constatou que 38 bebês a cada 1000 nascimentos apresentavam algum tipo de transtorno relacionado ao consumo de álcool durante a gestação.  A melhor forma de tratar os transtornos gerados é o tratamento precoce, com uma equipe multidisciplinar que auxilia no desenvolvimento e proporciona uma melhora na qualidade de vida. A SAF não tem cura, no entanto, ela é 100% prevenível, ou seja, totalmente evitável desde que a gestante se abstenha do uso de álcool durante a gravidez e a amamentação.

Segundo a coordenadora do Grupo de Estudos dos Efeitos do Álcool no Feto, recém-nascido e crianças da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dra. Helenilce de Paula Fiod Costa, atualmente admite-se que o álcool (etanol) constitui a principal causa de retardo mental e de anomalias congênitas não hereditárias nos Estados Unidos e que entre 5% e 10% dos fetos expostos ao álcool durante a vida intra-uterina apresentarão anormalidades do desenvolvimento relacionadas ao álcool.

No Brasil temos pouca estatística sobre esse tema, mas sabe-se que o consumo de álcool esta aumentando entre os adultos jovens.

De todas as substâncias de abuso (incluindo cocaína, heroína e maconha), o álcool é a droga que produz os efeitos neurocomportamentais mais graves no feto, sendo também o agente teratogênico fetal mais comum, tendo-se tornado um problema de saúde pública.

De acordo com Dra. Helenilce, os efeitos mais graves da SAF são os neurológicos e comportáveis. “Habitualmente o dano cerebral é generalizado e não específico caracterizado por microcefalia e microencefalia, alterações do corpo caloso, cérebro e gânglios da base. As disfunções do sistema nervoso central abrangem: irritabilidade, hipersensibilidade, tremores, hipotonia, convulsões, opistótomo, assimetria dos ventrículos laterais, síndrome de hiperatividade, déficit de atenção, retardo mental, dificuldades motoras finas e/ou grosseiras e pobre desempenho escolar”, explica.

Os defeitos se manifestam ao nascimento e são no mínimo duas características faciais e um ou mais dos seguintes defeitos estruturais:

Cardíacos:
alteração no septo atrial                   
alteração no septo ventricular                   
anomalia dos grandes vasos                   
defeito no tronco cone
Esqueléticos:
tórax escavado ou carinato                    
escoliose                    
sinostose rádio-ulnar                    
defeitos vertebrais                    
contração das grandes articulações
Renais:
aplasia,
hipoplasia e/ou displasia renais                   
rins em ferradura                     
duplicação uretral
Oculares:
estrabismo                
ptose palpebral                
erros de refração                
anomalias dos vasos da retina                
hipoplasia do nervo óptico
Auditivos:
agenesia do conduto auditivo                 
orelha em abano                  
perda auditiva neurossensorial  
Anomalias menores:
hipoplasia nasal                                  
dedos pequenos                                  
clinodactilia                                  
camptodactilia                                  
prega palmar na forma de bastão de hóquei                                  
dobra epicantal                                  
ponte nasal plana                                  
hipoplasia facial

Dra. Helenilce de Paula Fiod Costa – Coordenadora do Grupo de Estudos dos Efeitos do Álcool no Feto, Recém-Nascido e Crianças da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP)

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