Teste do Coraçãozinho

Conheça a importância desse exame para saúde do seu bebê

Você já ouviu falar sobre o Teste de Oximetria, popularmente conhecido como Teste do Coraçãozinho? Sabe para que ele serve, qual sua importância? Se você é mamãe de primeira viagem e ainda não está muito por dentro desses exames que devem ser feitos pelo seu bebê, assim que ele vier ao nosso mundo, fique tranquila. Hoje traremos as principais informações sobre esse exame que é fundamental para saber como está o coração do seu filhote.

Os testes de triagem neonatal têm como objetivo diagnosticar doenças ou alterações congênitas que podem prejudicar o desenvolvimento dos recém-nascidos, e que poderão ser melhor tratadas quando descobertas precocemente.

Médico colocando estetoscópio no peito do bebê para auscultar o coração - foto: Beneda Miroslav/ShutterStock.com

Logo na chegada do bebê, ainda na maternidade, é necessário que sejam realizados alguns testes como o do olhinho (reflexo do olho vermelho), das orelhinhas (emissões otoacústicas) e coraçãozinho (oximetria), que pesquisam alterações oftalmológicas, auditivas e cardíacas, respectivamente. Entre o terceiro e o quinto dia de vida completa-se a triagem neonatal com o teste do pezinho, que pesquisa doenças metabólicas.

O teste do coraçãozinho, por sua vez, é um exame capaz de identificar Cardiopatias Congênitas Críticas. Pesquisas revelam que a incidência desse tipo de cardiopatia é de 1 a 2 entre 1000 bebês nascidos vivos. Tais cardiopatias necessitam, na maioria das vezes, intervenção e tratamento imediatos, motivos que tornam o Teste do Coraçãozinho um exame fundamental para os recém-nascidos.

Segundo os médicos, quanto mais cedo a malformação cardíaca for diagnosticada, melhores as chances de sua cura, seja com tratamento medicamentoso, cateterismo ou cirurgia ou de convivência com o problema, mantendo uma boa qualidade de vida.

As manifestações clínicas das cardiopatias críticas, incluindo a cianose (coloração azul violácea da pele e das mucosas devida à oxigenação insuficiente do sangue), se tornam mais evidentes apenas após o fechamento do canal arterial, por isso poderiam passar despercebidas nas primeiras horas de vida. Fazem parte desse grupo:

Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial (ex: Atresia pulmonar e similares)

Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial (Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coarctação de aorta crítica e similares)

Cardiopatias com circulação em paralelo (transposição das grandes artérias)


Como é realizado o teste do coraçãozinho:

O teste do coraçãozinho é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em 2014 se tornou obrigatório no Brasil. O exame pode ser feito entre 24 e 48 horas de vida do recém-nascido, o procedimento é capaz de detectar a oxigenação do sangue bebê e, assim, identificar algum tipo de problema. Vale ressaltar que após esse período, os resultados do exame já não são tão conclusivos.

Para realizar o Teste do Coraçãozinho o responsável pelo procedimento médico utiliza um sensor externo de pulso (oxímetro), que é colocado inicialmente na mão direita e, em seguida, em um dos pés do bebê, para a medição do nível de oxigênio no organismo dele.

O resultado é considerado normal se ambas as saturações forem maiores que 95% e a diferença entre elas menor que 3%. Caso o teste seja alterado, deve-se repeti-lo em uma hora para confirmação do resultado. Se for identificado que o nível está abaixo de 95%, o recém-nascido não deve ter alta da maternidade, permanecendo em observação para, se preciso, iniciar o tratamento adequado.


Lucca: um exemplo de superação

Maria Eduarda Mendes é mãe do pequeno Lucca, de 2 aninnhos, identificado com cardiopatia por meio de um ecocardiograma fetal, ainda na gestação. Assim que Lucca nasceu, foi submetido ao Teste do Coraçãozinho, que confirmou sua situação. Segundo Maria Eduarda a realização desse procedimento foi fundamental para seu bebê. “Por meio do exame tivemos conhecimento do tipo da cardiopatia e pudemos dar continuidade de uma forma mais direta ao tratamento do Lucca”, disse.

Lucca é um pequeno guerreiro, ele e seus pais passaram por uma longa jornada de tratamentos, que felizmente foi marcada por grandes vitórias. Maria Eduarda nos conta que assim que a cardiopatia foi identificada, ela e seu marido, Marcelo Leão, cuidaram de tudo para programar o parto do bebê em um local com suporte para ele, um hospital com UTI, com especialidade cardíaca. A família, que mora em Florianópolis, seguiu então para Porto Alegre (RS), local considerado referência no tratamento.

Após seu nascimento, Lucca passou por um cateterismo, ficou 15 dias em observação na UTI, com uma cirurgia pré-programada aos 6 meses. “Entre esse tempo tivemos muitos altos e baixos. Ele fez mais dois cateterismos nesse período e aos 6 meses fez a primeira etapa da cirurgia corretiva, de peito aberto. Essa primeira etapa corrigiria o “problema” dele até os 3 anos de idade”, contou Maria Eduarda.

Lucca teve alta em junho e as próximas etapas do tratamento aconteceram no Rio de Janeiro, onde ele realizou a segunda etapa da cirurgia, que foi um sucesso. “Hoje ele tem uma vida normal, ativa e sem sustos. Agora é viver! Quem sabe lá pelos seus 15 anos a gente precise pensar em algo, mas por enquanto é apenas acompanhar de 4 em 4 meses”, comemora a mamãe.

Sobre o Teste do Coraçãozinho, Maria Eduarda deixa um recado para as mães: “Leia muito sobre o assunto, queira entender! Não é fácil, mas vê-lo hoje 100% bem é gratificante mediante tudo que já passamos pelos hospitais da vida”.

Por Lorene Lima

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