Infertilidade tem causas tanto femininas quanto masculinas e pode criar crises angustiantes na rotina de um casal, que chegam a sentir depressão e ansiedade. Ajuda médica pode devolver esperança
Quando um casal não consegue engravidar após um ano de relação sexual frequente (duas a três vezes por semana) e desprotegida, configura-se a chamada infertilidade, uma condição que pode ser causada por vários fatores, envolvendo um ou os dois parceiros. “A infertilidade muitas vezes cria uma das crises de vida mais angustiantes que um casal já enfrentou. A incapacidade a longo prazo de conceber uma criança pode evocar sentimentos significativos de perda. Por isso, o melhor a fazer é buscar ajuda médica especializada para buscar meios de tratar a condição”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. “Lidar com a multiplicidade de decisões médicas e as incertezas que a infertilidade traz pode criar uma grande agitação emocional para a maioria dos casais. Muitos casais experimentam ansiedade, depressão e sentimentos de estar fora de controle ou isolado, mas a orientação especializada consegue minimizar esses impactos, dando espaço à esperança, com o tratamento, e à felicidade, com a concepção – quando ela é conquistada”, completa o médico.
Segundo o médico, nas mulheres, causas comuns de infertilidade incluem a idade, endometriose, ovulação irregular e obstrução das trompas de falópio. “À medida que as mulheres envelhecem, a fertilidade diminui devido a alterações normais relacionadas à idade que ocorrem nos ovários. Ao contrário dos homens, que continuam a produzir espermatozoides ao longo da vida, uma mulher nasce com todos os folículos contendo óvulos em seus ovários. Ao nascer, há cerca de um milhão de folículos. Na puberdade, esse número terá caído para cerca de 300.000. Dos folículos remanescentes na puberdade, apenas cerca de 300 serão ovulados durante os anos reprodutivos. A maioria dos folículos não é usada pela ovulação”, explica o médico. “No caso dos homens, hábitos de vida ligados à obesidade, tabagismo, abuso de álcool, alimentação inadequada, sono não reparador e sedentarismo, além de condições como varicocele, podem impactar na quantidade e qualidade dos espermatozoides. É importante que os dois sejam avaliados pelo médico”, diz.
Para ajudar o casal a superar a infertilidade, dependendo da causa, o médico poderá orientar o casal a tentar o coito programado. “Esse método, também conhecido como Namoro Programado, consiste na utilização de medicamentos para estimular a produção de óvulos na mulher, fazendo com que seja possível prever o período da ovulação. O casal, então, deve ter relações sexuais nesse ciclo para que haja sucesso na concepção”, afirma o médico. Ele possibilita, segundo o médico, a realização de um estímulo ovariano leve, geralmente utilizando indutores da ovulação na forma de comprimidos orais. “Esse estímulo promove um crescimento de um número maior de folículos dentro do mesmo ciclo menstrual, aumentando o número de óvulos disponíveis para fecundação e aumentando as chances de gravidez”, afirma.
Além disso, o médico também pode prescrever medicamentos para ajudar na fertilidade como as gonadotrofinas (hormônios injetáveis) ou indutores orais e, em alguns casos, esses medicamentos também são usados para aumentar a produção dos espermatozoides (a depender da causa da baixa produção). Alguns casos de infertilidade são causados por obstrução ou cicatrizes nas trompas de falópio, que podem ocorrer como resultado de uma doença inflamatória pélvica, por isso às vezes a indicação é cirúrgica. “A cirurgia pode reverter alguns casos de obstrução das trompas, mas é um procedimento pouco eficaz. A cirurgia videolaparoscópica pode ser usada para tratar casos de endometriose e a histeroscopia pode ajudar a remover miomas submucosos. Em homens, o tratamento cirúrgico está indicado nos casos de varicocele se essa for a única causa da infertilidade do casal e houver bom prognóstico de melhora. A cirurgia de reversão de vasectomia também pode ser indicada em casos específicos”, diz.
Em muitos casos, os tratamentos de reprodução assistida parecem ser a solução. Entre os procedimentos, existe a Inseminação Intrauterina (IUI). Nesse procedimento, o esperma é colocado no útero usando um tubo de plástico fino. “O procedimento está programado para coincidir com a ovulação”, diz o Dr. Rodrigo. Já na Fertilização in vitro (FIV), o óvulo da mulher é fertilizado fora do corpo. “A medicação é usada para estimular mais ovulação do que o normal e seus óvulos são coletados e fertilizados em um laboratório. O embrião é então colocado de volta dentro do útero”, conta. A injeção intracitoplasmática de espermatozoides é a técnica da fertilização in vitro mais realizada, o que envolve a injeção de um único espermatozoide diretamente no citoplasma do óvulo, permitindo assim mais controle sobre qual espermatozoide fertiliza qual óvulo. “A taxa de sucesso da FIV é de cerca de 60% para cada ciclo de tratamento entre mulheres com menos de 35 anos, mas essa taxa de sucesso diminui com o aumento da idade”, conta o médico.
Por fim, em casos de ausência de óvulos ou espermatozoides, a opção é receber a doação de óvulos ou sêmen, que são usados em um procedimento de fertilização in vitro. “A doação de óvulos é realizada nos casos da idade avançada da mulher ou mulheres que entraram na menopausa e a doação de sêmen nos casos de ausência de espermatozoides nos testículos ou epidídimo. Mas o mais importante sempre é buscar ajuda médica especializada”, finaliza