Momento de conscientizar e refletir sobre a convivência familiar
Idealizada por Hank Fortener, a data mundial existe desde 2014 e ganhou força por todo mundo com um símbolo simples, mas de fácil identificação e compartilhado em todas as redes sociais | Foto: Divulgação
Na complexa tapeçaria da Adoção, em que as mais variadas histórias de vida se entrelaçam em busca de novas uniões familiares, a conscientização é a peça-chave para que o sistema continue evoluindo e o direito à convivência familiar segura e afetiva alcance as crianças e os adolescentes. Assim, celebrado no dia 9 de novembro, o Dia Mundial da Adoção visa iluminar esse assunto na órbita internacional, lembrando da importância da essência do adotar: viver o afeto.
No Brasil, atualmente, cerca de 4 mil crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento institucional ou familiar, aguardando por uma família adotiva, conforme dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Do outro lado, mais de 35 mil pessoas ou casais estão habilitados e à espera de seus filhos adotivos.
Em parceria com diversos voluntários e organizações, a Angaad (Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção), há mais de 20 anos, atua na promoção de iniciativas de apoio à Adoção, representando e orientando os GAAs (Grupo de Apoio à Adoção) no trabalho pela convivência familiar, com foco na Adoção, para assegurar os direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Um pilar fundamental é a preparação contínua de pretendentes (futuros pais e mães). “Por se tratar de uma construção que atravessa diversas fases, desde a decisão pela Adoção até sua concretização, os grupos de apoio desempenham um papel essencial no fortalecimento de conexões afetivas. Os voluntários estão prontos a darem suporte, orientações e o ato da escuta em todas as fases, inclusive após a Adoção, para a manutenção e a evolução dos vínculos familiares”, detalha Jussara Marra, Presidente da associação.
Ela ainda explica que vários dos voluntários dos grupos de apoio já viveram a Adoção em suas famílias e sabem, como poucos, a relevância de oferecer a assistência que, muitas vezes, eles próprios não encontraram na época. Assim, ao compartilharem suas experiências, eles constroem contribuições valiosas e úteis para as novas famílias em formação.
Um papel dos grupos de apoio está voltado para a quebra dos preconceitos que dificultam o encontro de novo lar para os acolhidos. “A Angaad colaborou para que o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] ganhasse alterações importantes, voltadas para a efetivação dos direitos de crianças e adolescentes, que cada vez mais são reconhecidos como sujeitos de direitos e prioridade de ações e projetos. Temos vários avanços a conquistar, mas não podemos desconsiderar a evolução nas regras sobre a Adoção e a convivência em família e em comunidade”, avalia Jussara. Todo o trabalho da associação é focado no melhor interesse da criança e do adolescente e o propósito é buscar famílias afetivas que serão formadas para sempre.
É importante ressaltar que a organização não atua diretamente no processo de Adoção – esta é tarefa do Judiciário e conta com a importante missão fiscalizatória e protetiva do Ministério Público. O trabalho da associação inclui preparação de profissionais da rede, preparação dos acolhidos aptos à Adoção, se for o caso, e para a autonomia, se não encontrarem família. Também atua na orientação técnica e jurídica da comunidade, principalmente aos grupos de apoio, além de fortalecer a busca ativa e a cultura da família enquanto espaço de proteção, cuidado e afeto. Nesse contexto, cada GAA constitui-se como agente transformador da sociedade em torno da causa da Adoção, com os seguintes objetivos:
• Preparar os pretendentes para a filiação adotiva, atuando como órgão auxiliar na busca de famílias para a colocação de crianças e adolescentes disponíveis para a Adoção;
• Acompanhar as famílias durante o período de aproximação, estágio de convivência, e pós-adoção;
• Contribuir para que os canais de comunicação possam esclarecer a sociedade sobre a legitimidade da família adotiva, desconstruindo mitos e preconceitos;
• Desenvolver projetos que estimulem a cultura da Atitude Adotiva nos diversos espaços sociais;
• Contribuir para a elaboração e a efetivação de políticas públicas voltadas ao Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes.
O que é a data?
Cocriado pelo norte-americano Hank Fortener em 2014, o Dia Mundial da Adoção, celebrado no dia 9 de novembro, tem como objetivo alavancar a atenção ao redor do mundo para todas as crianças e os adolescentes que se encontram nos sistemas de acolhimento, sem possibilidade de retorno para suas famílias biológicas, bem como apontar a importância do instituto da Adoção, como garantidor do direito à convivência familiar.
O símbolo
Fortener ainda foi o idealizador do símbolo de apoio ao Dia Mundial da Adoção. Inspirado por Harvey Ball, criador da famosa carinha “Smile”, o ativista pediu às pessoas que desenhassem um rosto sorridente em suas mãos e publicassem a foto nas redes sociais com #WorldAdoptionDay como uma forma de conscientizar sobre a beleza e as dificuldades que representam a adoção. Esse movimento era necessário para que a data fosse avaliada pela Organização das Nações Unidas a fim de decretar o Dia Mundial da Adoção. Deu tão certo que até mesmo celebridades, como a atriz sul-africana Charlize Theron, aderiram ao movimento
Fonte: Angaad – A Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que congrega e apoia os GAAs. Ela trabalha pela convivência familiar de crianças e adolescentes.