Ansiedade na infância: o que observar
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Em um mundo acelerado, em que a palavra ansiedade foi eleita como o termo do ano, o impacto desse estado emocional entre as crianças se torna cada vez mais preocupante — especialmente no retorno às aulas. Para muitas famílias, o período de recomeço escolar traz um misto de empolgação e apreensão, mas, para algumas crianças, pode representar um gatilho para crises de ansiedade.
Ansiedade na infância: o que observar
A ansiedade não é apenas “nervosismo” ou “timidez”. Em crianças, pode se manifestar de diferentes formas, como dificuldade para dormir, alterações no apetite, queixas físicas (como dores de barriga), ou até mesmo mudanças de comportamento, como irritabilidade e isolamento. “É natural sentir alguma insegurança em períodos de adaptação, mas quando os sinais persistem e afetam a rotina, é hora de investigar”, alerta a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.
Especialistas apontam que as redes sociais, a pressão por desempenho acadêmico e até mesmo o excesso de estímulos no ambiente escolar são fatores que contribuem para o aumento da ansiedade entre os pequenos. “O retorno às aulas pode ser uma sobrecarga emocional, especialmente para crianças que já têm dificuldade de socialização ou enfrentam desafios acadêmicos”, explica Calmeto.
Ansiedade e autismo: qual a relação?
Para crianças no espectro do autismo, a ansiedade é uma questão ainda mais delicada. De acordo com estudos recentes, até 40% das crianças autistas convivem com altos níveis de ansiedade. Essa conexão está relacionada a uma sensibilidade maior a estímulos e mudanças de rotina, características comuns do espectro autista.
“Para crianças autistas, a ansiedade pode ser intensificada por ambientes imprevisíveis ou pela dificuldade de interpretar regras sociais”, explica a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto. Por isso, é essencial que pais e educadores estejam atentos às necessidades individuais dessas crianças e promovam ambientes acolhedores e previsíveis.
Como ajudar as crianças a lidar com a ansiedade?
Embora a ansiedade seja um desafio, existem formas eficazes de enfrentá-la. Veja algumas dicas práticas:
1. Estabeleça uma rotina clara
Crianças se sentem mais seguras quando sabem o que esperar. Mantenha horários regulares para dormir, estudar e brincar, e informe com antecedência sobre mudanças na rotina.
2. Crie espaços de acolhimento
Converse com seu filho sobre seus medos e inseguranças. Use linguagem simples e acolhedora para que ele se sinta confortável em expressar seus sentimentos.
3. Evite sobrecarga
Atividades extracurriculares são importantes, mas evite preencher todo o tempo da criança. O ócio criativo é essencial para o equilíbrio emocional.
4. Limite o uso de telas
O excesso de redes sociais pode aumentar a ansiedade. Estabeleça limites para o uso de celulares e incentive momentos offline, como leitura ou brincadeiras ao ar livre.
5. Procure ajuda profissional quando necessário
Se a ansiedade estiver afetando o bem-estar ou desempenho escolar da criança, busque o apoio de especialistas, como psicólogos ou pediatras. Diagnósticos precoces podem evitar complicações futuras.
Fonte: Neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.