*Dr. Fernando Amato
A diástase dos músculos reto abdominais consiste no afastamento da musculatura abdominal, e é uma das queixas mais frequente no pós-parto. Costuma aparecer, principalmente, no 3º trimestre da gestação e pode persistir após o nascimento do bebê. Com o aumento da pressão intra-abdominal causada pela gestação, o tecido que faz a ligação desses músculos ficando cada vez mais fino, perdendo força e, dessa forma, afastando-se. Depois da gestação, essa musculatura, muitas vezes não volta ao normal, trazendo desconforto abdominal, insatisfação corporal, dor na coluna, incontinência urinária e fecal, prolapso pélvico e até piora da autoestima.
Pode aparecer em outras situações ou doenças basicamente relacionadas ao aumento da pressão dentro do abdômen, como na obesidade e/ou fragilidade dos tecidos na parede abdominal, tal como em indivíduos que fizeram muitas cirurgias abdominais ou que possuem hérnias na parede abdominal. Raramente sua causa é congênita, ou seja, quando a pessoa nasce com essa condição.
Não existe uma definição objetiva de quanto o afastamento é normal e quando ele passa a ser considerado patológico. Existem trabalhos que mostram que a distância dessa musculatura de até 2 cm é normal na população geral, mas isso não impede que quem tenha menos que isso apresente sintomas. É importante ressaltar que a diástase abdominal também pode aparecer em homens.
O tratamento, incialmente, pode ser pelo fortalecimento da musculatura da parede abdominal, com exercícios direcionados e educação postural. Malhas e faixas também podem ser usadas como prevenção, principalmente no período pós-parto ou mesmo após uma cirurgia abdominal com o objetivo de se evitar a recidiva de uma diástase. No pós-parto é recomendável não iniciar exercícios direcionados para esse fortalecimento antes de seis semanas do parto e sempre deve seguir a orientação do obstetra antes de iniciar qualquer atividade física.
O tratamento cirúrgico pode ser realizado, no mínimo, após seis meses do parto, mas, preferencialmente, depois de parar com a amamentação. A cirurgia pode ser associada a dermolipectomia abdominal (abdominoplastia), e muitas vezes é recomendada essa associação para poder tratar o excesso de pele.
O tratamento também pode ser realizado por laparoscopia ou por cirurgia robótica, mas que ficam reservados aos casos que não possuem excesso de pele para ser tratado.
*Dr. Fernando Amato é médico cirurgião plástico, membro titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).