Ortopedista, explica por que isso ocorre e o que fazer quando a diferença é maior que dois centímetros
Somente já adultas, muitas pessoas percebem que suas pernas têm tamanhos distintos. Isso comumente ocorre quando mandam fazer a barra de calça ou ao passar uma calça que já tem a barra feita sob medida, numa visita ao fisioterapeuta ou ao ortopedista. Mas, é comum ter as pernas de tamanhos diferentes?
De acordo com Dra. Natasha Vogel, Ortopedista Pediátrica da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia é muito comum existir uma sutil diferença no comprimento das pernas. “Mais de 50% da população tem essa discrepância — esse é o nome que damos à diferença no comprimento dos membros — e, muitas vezes, isso não provoca repercussão alguma. Porém, quando é maior que dois centímetros, alguns sinais e sintomas podem surgir, tais como: mancar, dificuldade para correr ou brincar, deformidade na coluna como a escoliose, dor nas costas ou no quadril”, explica a médica.
Por que aparecem essas discrepâncias, como detectar e tratar
Muitos podem ser os motivos que provocam essa diferença de tamanho:
– Trauma ou infecção que machucam a região onde o osso da criança cresce;
– Doenças próprias do osso, como a neurofibromatose, por exemplo;
– Doenças neurológicas, como a paralisia cerebral;
– Poliomielite, uma doença erradicada no Brasil graças à vacinação da população;
– Doenças inflamatórias como a artrite reumatoide juvenil;
– Até as idiopáticas, quando não sabemos o motivo que gerou essa diferença, entre outros diversos motivos.
O primeiro passo para avaliar se uma criança ou um adolescente tem essa diferença, independentemente da idade, é levá-lo em consulta com um pediatra ou ortopedista, para uma avaliação médica. “Podemos notá-la enquanto a criança anda, pois ela pode dobrar o joelho da perna maior ou fica na ponta do pé na perna menor; com a criança em pé e parada, observamos uma diferença na altura de um dos lados da pelve; ou até deitada, quando podemos medir o tamanho das duas pernas e comparar”, enumera a ortopedista.
Para ter certeza desse diagnóstico, os médicos podem solicitar uma radiografia ou até uma tomografia computadorizada e é muito importante saber que conforme as crianças crescem, essa diferença pode mudar.
“Daí a necessidade de acompanhamento para entender se, em algum momento, será necessário a compensação dessa diferença ou um procedimento para corrigir o tamanho dos membros”, esclarece Dra. Natasha.
De pronto, pode-se fazer uso de uma palmilha ou até de uma compensação na sola do sapato. Quanto aos procedimentos cirúrgicos, existem vários que, basicamente, resumem-se em duas opções: encurtar a perna maior ou alongar a perna menor.
“Há diversas técnicas para ambas as cirurgias, mas o que determina a escolha são: a idade da criança; o tamanho da diferença; a expectativa de crescimento; a causa dessa diferença; e se existem problemas neurológicos causadores da doença. Depois dessas questões respondidas, definimos, juntamente com a família, quais serão os próximos passos”, finaliza a ortopedista pediátrica.
Autora:
Dra. Natasha Vogel -Médica Assistente em Ortopedia e Traumatologia do HSPM-SP
São Paulo, Brasil
- Mestrado em Ciências do Sistema Muscoesquelético.
Universidade de São Paulo, USP São Paulo, Brasil