“Vacinação Infantil tem Menor Adesão em 30 Anos e Justifica Retorno de Doenças Graves”, diz Pediatra

Neste dia 9 de junho é comemorado o Dia Mundial da Imunização e o índice de vacinação infantil tem preocupado os médicos.

 Segundo informações da Agência Senado, até 2014, a cobertura vacinal das crianças costumava ficar acima dos 90%, por vezes alcançando os 100%. Atualmente, os índices registrados são os menores em 30 anos, chegando abaixo de 70% em doenças como paralisia infantil e a BCG (contra tuberculose). Para que exista a proteção coletiva, o recomendável é imunizar entre 90% e 95% das crianças, no mínimo.

Segundo a médica pediatra Lara França, essa queda na vacinação teve uma expressão ainda maior desde o início da pandemia. “Houve uma queda expressiva na adesão à vacinação. Isso se explica pelo isolamento social e principalmente as fakes news em torno das vacinas. Em 2021, em torno de 60% das crianças foram vacinadas contra a hepatite B, o tétano, a difteria e a coqueluche. Contra a tuberculose e a paralisia infantil, perto de 70%. Contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, o índice não chegou a 75%. A baixa adesão se repetiu em diversas outras vacinas”, diz.

Os pais deixaram de atualizar os cartões das crianças e a vacina da meningite B é uma das que não entram no Programa Nacional de Imunização do SUS, então precisa ser buscada na rede particular. A doença é de fácil tratamento, mas tem uma mortalidade muito rápida, então é muito importante que as pessoas estejam atentas a isso. A meningite é uma doença que causa inflamação no cérebro e na medula espinhal e pode ser transmitida por vírus ou bactérias.

No Brasil todo, o aumento dos casos acende alerta sobre a doença. Em Goiás, em todo o ano de 2021 foram registrados dez casos da doença. Em 2022, até abril, foram registrados quatro casos. Os principais sintomas de meningite são início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez na nuca. Outros sintomas como mal-estar, náusea, vômito, fotofobia e confusão mental também podem surgir e alguns sintomas mais graves são convulsões, delírio, tremores e coma. Segundo Lara, a melhor maneira de evitar a doença é com a vacinação.

Em recém-nascidos e bebês, alguns desses sintomas podem ser difíceis de identificar, mas os sinais são irritação, falta de apetite, letargia ou falta de resposta a estímulos e pode apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais. De acordo com dados da SES-GO (Secretaria Estadual de Saúde de Goiás), a cobertura da vacinação contra a meningite C em 2016 foi de mais de 87% enquanto no ano passado chegou apenas a 73% das crianças. A vacina BCG, em 2016 alcançou mais de 92% das crianças, mas no ano passado apenas 70% foram vacinadas.

Riscos da falta de vacinas

No Brasil, a vacinação foi responsável pela erradicação da varíola e da poliomielite (paralisia infantil). Mas isso só aconteceu com aplicação adequada das vacinas e seguindo as recomendações do Ministério da Saúde. O risco da imunização inadequada ou a falta da mesma pode trazer sequelas causadas pela própria doença e até mesmo a morte. As vacinas são fundamentais para uma redução e agravamento de doenças. Muitas doenças deixam sequelas e podem levar a mortalidade.

A meningite e a caxumba podem causar surdez. O sarampo pode retardar o crescimento e reduzir a capacidade mental. A difteria pode levar a falência renal. A coqueluche pode provocar lesões cerebrais. A rubéola quando contraída na gravidez, o bebê pode nascer com glaucoma, catarata e deformação cardíaca, entre outros problemas, além do risco de aborto.

“As vacinas são aplicadas desde o nascimento e seguem até a vida adulta. No Brasil há dois tipos de calendário vacinal, preconizado pelo Ministério da Saúde e pela rede particular. O Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, disponibiliza gratuitamente, para os recém-nascidos até a terceira idade, 19 vacinas que protegem contra mais de 40 doenças.

A rede privada disponibiliza vacinas para a imunização de todas as faixas etárias, complementando o calendário vacinal do PNI. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o não comparecimento de crianças aos postos e clínicas de vacinação para atualização da caderneta de vacinação, pode impactar nas coberturas vacinais e colocar a saúde de todos em risco”, finaliza a médica.

Vacinas cobertas pela rede pública

  • BCG: Protege contra as formas graves da tuberculose;
  • Pentavalente: protege contra as infecções invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B (meningite) e contra difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;
  • Pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as infecções invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite;
  • Meningocócica ACWY conjugada: protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo A,C,W e Y.

Autoria: médica pediatra Lara França

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