A Má Higienização da Língua Pode Causar Problemas Cardíacos

Especialista explica a maneira correta de fazer a limpeza, evitando, assim, a saburra e eventuais doenças

Crédito da imagem: Shutterstock

Quando se fala em saúde bucal, é comum que as pessoas associem a boa condição da boca à aparência dos dentes, ou seja, se eles estiverem brancos e bem apresentáveis, está saudável. No entanto, ter uma boca saudável vai muito além de um sorriso bonito, já que doenças inflamatórias ou infecções orais podem afetar outras partes do organismo, como o coração e até o cérebro.

No Dia Mundial da Saúde Bucal, celebrado em 20 de março, o cirurgião-dentista Francis Tsurumaki, supervisor de saúde bucal do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, alerta para a importância da limpeza correta da língua para a prevenção de doenças.

“Quando não a higienizamos corretamente, nossa língua desenvolve a saburra, uma camada esbranquiçada que se acumula diariamente na superfície. Trata-se de uma alteração relativamente comum, formada, basicamente, por restos alimentares, células descamadas, bactérias e enzimas ativas que participam ativamente do processo de digestão”, destaca.

Conforme o especialista, além de ser a principal responsável pelo mau hálito e desenvolvimento de patologias da boca, como doença periodontal e gengivite, a línguapode contribuir para o desenvolvimento de gastrites, infecções respiratórias, como a desenvolvida pela Covid-19, pneumonia e endocardite bacteriana, uma infecção que acomete o revestimento interno do coração.

“A língua é um órgão que faz parte do aparelho digestivo e está relacionado à deglutição e à fala. Uma higienização eficiente melhora a qualidade da digestão e auxilia na eliminação das bactérias causadoras do mau hálito, além de prevenir doenças e melhorar a sensação dos sabores dos alimentos”, reitera.

Limpeza correta

A língua é um órgão dividido por duas porções, a superior — composta pelo dorso, habitat de milhões de micro-organismos — e a inferior.

Segundo Dr. Francis, a técnica de limpeza ideal consiste em raspá-la utilizando um limpador ou raspador de língua, que pode ser de metal ou plástico, com ou sem cerdas.

O dispositivo possui um formato arredondado na ponta, o que possibilita melhor acesso e eficácia na limpeza da língua. Enxaguantes bucais podem ser associados para potencializar a ação de limpeza.

“É comum que, no início, até adquirir o hábito, as pessoas tenham a sensação de ânsia de vômito, mas, com a constância, ela é eliminada. A limpeza de forma adequada contribui para a manutenção da saúde bucal geral, proporcionando, inclusive, melhora da qualidade de vida”, ressalta.

O gesto deve ser realizado diariamente, de preferência antes da escovação dos dentes, para que possa realmente cumprir o seu papel de prevenção e controle de doenças.

Aparência

O especialista explica que uma língua saudável apresenta cor rosada, brilhante e com superfície lisa e uniforme. No entanto, existem as línguas com fissuras e geográficas, que podem possuir um aspecto diferente, mesmo que não apresentando problemas de saúde ou má higienização.

“A aparência da língua pode variar de pessoa para pessoa, influenciada pela idade, genética, hábitos e condições de saúde do paciente.”

Sinais como aumento de volume, alterações na cor, inchaços e mudanças na textura da língua podemindicar desde alterações simples, como pequenas queimaduras, até doenças mais sérias, como anemia, refluxo, diabetes e câncer.

O dentista explica que a melhor maneira de cuidar das lesões orais é buscando orientação de um cirurgião-dentista, que irá avaliar o aspecto e a causa e informar ao paciente os meios adequados de tratamento.

“É imprescindível darmos atenção ao nosso corpo na forma de autocuidado. Devemos realizar a higienização dos dentes, língua e bochechas e estarmos atentos ao que é normal, para que possamos identificar alterações e procurar ajuda profissional o quanto antes. Pequenos hábitos diários podem facilitar o diagnóstico precoce de doenças e prevenir complicações”, finaliza o especialista.

Cirurgião-dentista Francis Tsurumaki, supervisor de saúde bucal do CEJAM

O CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos.

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