Tireoide e gravidez

De cada 100 pessoas, 12 possuirão algum tipo de doença tireoidiana. Levando em consideração que tais doenças ocorrem em uma frequência cinco a seis vezes maior na mulher que no homem, uma abordagem educativa destinada às mulheres que pretendem engravidar, ou já no processo de gestação, é bastante importante.

Gestante sendo examinada por uma médica

De acordo com o endocrinologista Dr. Antonio Carlos do Nascimento, o fato de a tireoide funcionar demais ou de menos (hiper ou hipotireoidismo) traz dificuldade à fertilidade, sustentabilidade da gestação e quando esta alcança o parto, as complicações são mais frequentes. Confira os questionamentos mais comuns relacionados ao assunto e destacados pelo especialista:

Eu não estou conseguindo engravidar, é possível que problemas de tireoide sejam a causa desta dificuldade?

Sim, é possível. A cada dia é mais valorizada a pesquisa da função tireoidiana na busca da causa da infertilidade. Mesmo pequenas alterações já são capazes de dificultar o processo, sendo que corrigir tal distúrbio pode ser a única necessidade que a pretensa mãe tenha a fazer para encarar os almejados noves meses de espera.

Tenho hipotireoidismo, vou ter dificuldade para engravidar?

Não, desde que você mantenha o tratamento com o medicamento prescrito, tomando em jejum diariamente e fazendo os controles com seu médico mês a mês. É muito comum que a dose de reposição seja aumentada em até 50% durante a gravidez. O tratamento falho não só pode dificultar a engravidar, como também dificultar o processo gestacional e o parto. E pior ainda, pode trazer comprometimento quanto ao coeficiente de inteligência de seu filho. O tratamento mantido evita qualquer destas possibilidades.

Eu tenho doença da tireoide. É provável que meu bebê nasça com o mesmo problema?

Não, o fato de você ter qualquer alteração da tireoide não quer dizer que seu bebê nascerá com o mesmo processo. Contudo, é sabido que várias são as patologias que são mais frequentes em pacientes que possuem parentes com os mesmos problemas e podem, sim, ocorrer em fases tardias da vida. O que não quer dizer absolutamente nada, não é o fato de alguém ter alguma doença que deva fazer com seja desestimulado o desejo de ser pai ou mãe. Por outro lado, qualquer alteração funcional da tireoide é detectada prontamente pelo imprescindível “teste do pezinho”.

Se eu tomo o hormônio da tireoide, este passará para o meu bebê dentro do útero?

Passará. E é muito importante que esse hormônio alcance a circulação sanguínea do bebê, pois ele só será capaz de fabricá-lo a partir da vigésima semana de vida, aproximadamente. Antes disso, ele só depende do hormônio tireoidiano da mamãe, por isso, já que você não o produz em quantidades suficientes, é esse comprimido, tomado em jejum todos os dias, que proverá para o seu feto e promoverá, entre outras ações, o amadurecimento do sistema nervoso central do mesmo.

Tenho hipertireoidismo, vou ter dificuldade para engravidar?

Sim, terá, qualquer alteração funcional desta glândula dificulta a gravidez, contudo, no caso do hipertireoidismo, o ideal é aguardar o término do tratamento do mesmo, pois diferentemente da terapêutica para o hipotireoidismo, os medicamentos utilizados não são inocentes e os cuidados são mais rigorosos. Na vigência de hipertireoidismo e a intenção da gravidez, a situação deve ser discutida com o seu médico. A gravidez ocasional em paciente com hipertireoidismo (que já sabia ou não possuir a doença) via de regra pode ser levada até o final, porém com estreito acompanhamento.

Foi descoberto um nódulo em minha tireoide, estou pretendendo engravidar, vou ter que operar este nódulo antes da gravidez?

A incidência de nódulos na tireoide é muito alta, sendo que apenas 10% deles, em média, são malignos. Você deve, sim, procurar o endocrinologista para descartar a necessidade cirúrgica, mas uma vez resolvido, qualquer que seja a conduta, você não terá implicações para engravidar. Verdade que se o tratamento for para tumor maligno, haverá um período de tempo a ser respeitado antes que se engravide. Fonte: Dr. Antonio Carlos do Nascimento.

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