Os métodos: Treinamento de bebês
Semaninha complicada essa? Algumas de vocês tentaram o método Nana, Nenê que foi abordado na semana passada e outras não tiveram coragem. Algumas se revoltaram ou conversaram sobre o assunto com mães que estão passando por essa fase. Houve sucessos, insucessos, dor no coração, revolta, enfim uma montanha russa de emoções.
Hoje quero falar sobre outro desses métodos e quero só reforçar a postura altamente positiva das perguntas do “capítulo anterior”: sem julgamentos, sem preconceitos, sempre lembrando que a empatia é um exercício a ser sempre reforçado.
O Nana, Nenê é considerado por muitos como um método rígido, muito cruel por outros. Hoje vamos considerar uma passagem para uma metodologia considerada pouco menos “traumática ou traumatizante (?)” e que tem seus defensores, seus críticos (assim como todos os métodos).
12 horas de sono com 12 semanas de vida.
O que ele tem de tão diferente do Nana, Nenê?
“O que eu pude perceber é que quem procura esse método chega normalmente em uma situação desesperadora com muitos problemas pessoais de sono, dificuldades importantes na volta ao trabalho, “surtando”, com seu casamento muitas vezes em risco (o pai já está dormindo na sala enquanto a mãe traz o bebê para o quarto, para os que não são adeptos à cama compartilhada, ou a mãe dorme no quarto com o bebê, em uma cama ao lado ou sentada na poltrona, “porque ele só dorme assim”).”
Esse foi um método criado por uma brasileira que se mudou para os Estados Unidos em 1990. Ela tinha 26 anos, com uma menina de oito anos, um menino de sete anos e uma menina de dois, quando nasceram suas gêmeas. Isso mesmo: 5 filhos, sendo que as últimas foram gêmeas. Uma família com 3 filhos já gera dificuldades. Imaginem 5 e com 2 gêmeas pra “ajudar”.
A partir das dificuldades criadas e exacerbadas (amamentação, fraldas de pano, o dia a dia atribuladíssimo), a “mãe Suzy”, por “necessidades pessoais”, optou por mudar o rumo das coisas e julgou que seria fundamental que as crianças (gêmeas) dormissem a noite toda (o sonho de todas as mães, não só as brasileiras ou as americanas).
Segundo garante a autora, mesmo com dificuldades em sua execução, o livro explica o método de forma tão prática que não há como não dar certo. Só que ao invés da promessa do Nana, Nenê (uma semana) essa mudança ocorre em 12 semanas (quase 3 meses).
Segundo sua observação, se um bebê de pelo menos 4 semanas de vida (se forem gêmeos 8 semanas e se forem trigêmeos 12 semanas de vida) tem suas necessidades nutricionais satisfeitas durante o dia, ele não pula as mamadas da noite.
As bases do método
– Dito de outra forma, porém com o mesmo sentido: “Quem deve se adaptar é o bebê, não a família”.
“Eu sou a mãe (ou o pai) e estou no controle. Você é um bebê e vai seguir as minhas orientações” é o mantra criado por Suzy. “As crianças precisam de uma figura que represente autoridade e que estabeleça parâmetros e limites”, enfatiza.
Segundo sua experiência, a questão está baseada no “tipo de ensinamento” que os pais dão a seus filhos, por conta de tentar conter seu choro, especialmente à noite. Chupetas, mamadeira, pegar no colo, ninar, levar para sua cama são armadilhas que dificultam a rotina do bebê. Assim, a orientação é impor ao bebê determinadas rotinas da casa para que, em 12 semanas, eles estejam “treinados”.
A própria autora se denomina “treinadora de bebês”. E em seu livro há o seguinte trecho: “Se estiver disposto a “treinar” seus bebês usando os métodos que descrevo neste livro, você pode evitar viver por meses ou até anos em um estado que descrevo como “vendo o tempo passar”, que é prejudicial para os pais e o bebê. As pessoas dizem que sou A Treinadora de Bebês. Eu digo que sou a pessoa que tem o melhor emprego do mundo porque trabalho com bebês”. |
Treinar (3 definições): |
Assim, não é necessário fazer silêncio para as crianças dormirem. Elas se acostumam com a dinâmica de ruídos da família, da casa, da rua e isso deixa de ser um fator de interferência em seu sono.
– Não se deve deixar o filho chorar copiosamente. Porém, se habituarmos o bebê ninando-o, em uma cadeira de balanço, sempre, até ele dormir, é assim que ele vai aprender e vai ser. Esse choro é esperado nas primeiras semanas, conhecidas como fase de adaptação, mas, apesar disso, o sono ficará melhor.
Na opinião da “baby coach” (ela se intitula dessa forma), deixar o bebê chorando desde o início traz melhores resultados, mas pode ser emocionalmente desgastante, tanto para o bebê quanto para os pais.
Caso o bebê acorde durante a noite
– A presença da mãe durante a noite é importante quando o choro se torna mais intenso. Mas isso não significa retirar o bebê do berço e sim ficar em pé ou sentar-se próximo a ele. Segundo a técnica, para acalmar o bebê durante essa fase de treinamento, é permitido:
- Oferecer a chupeta, afagar ou dar batidinhas de leve com a mão ou com um brinquedinho ou com um cobertorzinho em sua barriguinha;
- Conversar com o bebê (bem baixinho) dizendo que a mamãe e o papai estão ali, que amam o bebê;
- Mudar a criança de posição, ligar música no móbile, mostrar um brinquedo que ela goste muito.
– Chupetas ou chupar o dedo são técnicas permitidas, com regras. A chupeta pode ser usada só quando a criança já estiver habituada a dormir e, mesmo assim, só durante as sonecas do dia ou durante o sono da noite, no berço. Já chupar o dedo, desde que não seja o tempo todo, só para se consolar e se acalmar sozinho, pode ser permitido durante o primeiro ano de vida.
Minha opinião
Esse foi um método mais recente (o livro deve ter pouco mais de um ano aqui no Brasil) que, assim como qualquer método seguido da forma orientada, tem seus resultados positivos.
Falando a respeito das questões fisiológicas (você se lembra disso ou sabe o que é? Está em um destaque da parte 10 – semana passada), vou copiar aqui partes do texto da semana passada, adaptado para esse método:
– O método 12 horas de sono com 12 semanas de vida não leva em conta uma das orientações atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): Aleitamento materno na primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais.
– Até os 3 meses de vida, os bebês não têm seus “gatilhos de sono hormonais” (glândula pineal, melatonina) maduros ou em funcionamento pleno. Assim, se o bebê “seguir esse método” antes dos 3 meses certamente não foi pelo treinamento e sim porque esse seria o ritmo dele mesmo. Então até os 3 meses eu não indicaria a ninguém pela alta taxa de possível insucesso por conta da imaturidade do bebê até essa fase.
A editora (Zahar) disponibiliza um teaser (uma primeira parte do livro) e nele já se tem uma ideia dos pensamentos da autora.
Alguns conceitos são interessantes, mas a grande parte deles colocada dentro de um contexto não tão adequado e muitas vezes incorretos do ponto de vista de embasamento científico. Não se deve desprezar a experiência da autora, mas até por não ser da área de saúde, muitas de suas afirmações podem ser questionadas e merecem uma maior atenção na sua leitura para que não sejam tomadas como verdades absolutas.
Afirmações interessantes:
– “Ter filhos não significa ficar privado de sono por três a cinco anos. Sua vida pode ter de volta a organização, a estrutura e o bom senso.”
– “Por conta própria, muitos bebês começam a dormir dez ou doze horas por noite por volta das seis semanas de idade.”
Afirmações questionáveis:
– “Na verdade, não apenas acredito que seja saudável dormir por doze horas, como as crianças com as quais trabalhei cresceram muito bem. Isso acontece porque meu método reforça a tendência natural do bebê de pular as mamadas da noite desde que suas necessidades nutricionais tenham sido atendidas durante o dia.“
– “Meu método inclui no treinamento a “Solução pelo Choro Controlado”. Acredito que esse seja um meio-termo realista entre o “deixar chorar”, que muitos pais não suportam, e o “sem choro”, que é irreal para muitas crianças. Por exemplo, bebês mais velhos que já desenvolveram hábitos de sono ruins normalmente chorarão um pouco no treinamento durante sua transição para hábitos de sono melhores. Há mais de vinte anos treino bebês (até quádruplos!) a dormir doze horas por noite. E, até hoje, todos eles conseguiram. Todos!”
Afirmações perigosas:
– “Uma nota especial para mães que amamentam no peito: apesar de grande parte desse treinamento ser baseado em garantir que o bebê receba quantidades precisas de alimento, quem amamenta certamente também pode usar este livro para treinar seus bebês. Só que, em vez de contar mililitros, as lactantes devem contar os minutos das mamadas. Se você está preocupada com a sua produção de leite ou com o número de vezes que seu bebê mama, pode utilizar uma bombinha entre cada mamada ou logo após.”
– Esse foi um comentário sobre o método, que está na internet:
“…no livro fala pra fazer uma rotina… diminuir as mamadas para 4 em 4 hs… sendo os horarios certinhos… 2 mamadas de manha e duas a tarde… exemplo: 7hs, 11hs, 15hs e 19hs ai no caso, 19hs seria a ultima mamada e ele acordaria as 7 do outro dia… mas pra isso precisa tirar aos poucos as mamadas noturnas(da madrugada)… é meio dificil explicar por aqui… mas vc vai tirando de 15 em 15ml por vez… se ele mama 80ml vc na prox vez da 65ml… ate zerar… ai automaticamente vc vai aumentando esses ml´s nas mamadas diurnas… entao eles dizem q o bb vai comer mais de dia e a noite não mais… fora isso ele tem q tirar uma soneca de 1h apenas na parte da manha e uma de 2hs na parte da tarde, porém, antes da ultima mamada… q é das 15 as 19hs, senão mexe no sono…”
Esse livro vendeu bastante aqui e nos Estados Unidos e muitas mães utilizaram o processo e conseguiram atingir seus objetivos. Pelas características de 12 semanas, dependendo da fase de vida desse bebê (sua idade), é possível que esses resultados pudessem ser obtidos até sem a interferência dos pais. Outras não usaram por não concordarem com a metodologia ou por não conseguirem.
Leram sem preconceito? Refletiram? Analisaram? Encontraram seu sonho de felicidade? Aguardo os comentários e as dúvidas de vocês, da mesma forma ética, respeitosa e empática que predominou nessa última parte-10.
Na próxima semana, vamos mudar a abordagem para outro método com um embasamento diferente.
Esse artigo faz parte de uma série, para ver as demais partes, acesse:
- Parte 1
- Parte 2
- Parte 3
- Parte 4
- Parte 5
- Parte 6
- Parte 7
- Parte 8
- Parte 9
- Parte 10
- Parte 11
- Parte 12
- Parte 13
- Parte 14
- Parte 15
- Parte 16
- Parte 17
- Parte 18
- Parte 19